domingo, 11 de maio de 2014

" FELIZ DIA DAS MÃES "



Mãezinha,

Enquanto o  mundo te adorna a presença com as legendas sublimes, abrilhantando-te o nome, quis trazer-te a homenagem de meu reconhecimento e de meu carinho, segundo as dimensões de tua bondade, e te rememorei os sacrifícios...

Revi, Mãezinha, as tuas noites longas, junto de mim, quando a febre me atormentava no berço. Anjo transformado em mulher, erguias as mãos para o Céu e o que falavas com Deus me caia no rosto em forma de lágrimas!... Tornei a encontrar-te os braços acolhedores, festejando-me o retorno à saúde, com a doçura de teus beijos. 

E, vida em fora, o pensamento recuou para lembrar-te... 

Com a retina da memória, contemplei-te os lábios pacientes, ensinando-me a pronunciar as preces da infância: e nesses lábios inesquecíveis, fitei os sorrisos de júbilo, quando me deste os primeiros livros da escola. 

Depois, acompanhei-te, passo a passo, o calvário de renúncia em que me levantaste para a vida. 

Quantas vezes me abraçaste, trocando bênçãos por aflições, não conseguiria contar... Quantas vezes te ocultaste no sofrimento para que a alegria não me fugisse, realmente, não sei... 

Passou o tempo e, hoje, de alma enternecida, anseio debalde surpreender as palavras com que algo te venha a dizer de meu agradecimento; entretanto, eu que desejaria medir o meu preito de afeto pelo tamanho de teu devotamento, posso apenas calcular a extensão de meu débito para contigo, a repetir que te amo e que em ti possuo o meu tesouro do Céu. 

Perdoa, Mãezinha, se nada tenho para dedicar-te, senão as pérolas do meu pranto de gratidão, iluminadas pelas orações que endereço a Deus por tua felicidade. E, se te posso entregar algo mais, deixa que te oferte o meu próprio coração, neste livro de ternura, por dádiva singela de minha confiança e carinho, num ramalhete de amor.

Meimei, Chico Xavier.


terça-feira, 6 de maio de 2014

" CREDORES NO LAR "


 
 
 
No devotamento dos pais, todos os filhos são joias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que afligem o lar, é preciso que saibas que, entre os filhos que te apoiam a alma, surgem os filhos-credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.

 

Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço. É por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, portanto reaparecem humildes e pequeninos.

 

Chegam frágeis e emudecidos, para que lhes ensines a palavra apaziguante e brandura.

 

Não te rogam a liquidação de débitos, na intimidade do gabinete, e, sim, procuram-te o colo para nova fase de entendimento.

 

Respiram-te o hábito e escoram-se em tuas mãos, instalando-se em teus passos, para a transfiguração do próprio destino.

 

Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.

 

Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.

 

De doces numes do carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.

 

Governam-te os impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.

 

Reaprendem na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transforma-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.

 

Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os pensamentos para que te percebam o testemunho de amor.

 

Calas os próprios sonhos, para que os sonhos deles se realizem.

 

Apagas-te, a pouco e pouco, para que julguem em teu lugar.

 

Recebes todas as dores que te impõem à alma, com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.

 

E nunca possuis o bastante para abrilhantar lhes a existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.

 

Quando te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.

 

Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado, em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
 
 
 
 
Emmaneuel, do livro Luz no Lar, psicografia de Chico Xavier.