No devotamento
dos pais, todos os filhos são joias de luz, entretanto, para que compreendas
certos antagonismos que afligem o lar, é preciso que saibas que, entre os
filhos que te apoiam a alma, surgem os filhos-credores, alcançando-te a vida,
por instrutores de feição diferente.
Subtraindo-te
aos choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da
Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença,
através do berço. É por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em casa,
como de igual para igual, portanto reaparecem humildes e pequeninos.
Chegam
frágeis e emudecidos, para que lhes ensines a palavra apaziguante e brandura.
Não
te rogam a liquidação de débitos, na intimidade do gabinete, e, sim,
procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
Respiram-te
o hábito e escoram-se em tuas mãos, instalando-se em teus passos, para a transfiguração
do próprio destino.
Embora
desarmados, controlam-te os sentimentos.
Não
obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
De
doces numes do carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores
constantes de tua estrada.
Governam-te
os impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as
horas.
Reaprendem
na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no
conhecimento superior, transforma-se em inspetores intransigentes do teu grau
de instrução.
Muitas
vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os pensamentos para que te
percebam o testemunho de amor.
Calas
os próprios sonhos, para que os sonhos deles se realizem.
Apagas-te,
a pouco e pouco, para que julguem em teu lugar.
Recebes
todas as dores que te impõem à alma, com sorrisos nos lábios, conquanto te
amarfanhem o coração.
E
nunca possuis o bastante para abrilhantar lhes a existência, de vez que tudo lhes
dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.
Quando
te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de
dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te
pedirem o resgate de velhas contas.
Busca
auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe
todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme
tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e
alegria, terás conquistado, em silêncio, o luminoso certificado de tua própria
libertação.
Emmaneuel, do livro Luz no Lar, psicografia
de Chico Xavier.
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