Ainda quando escutes alusões em torno da suposta
decadência dos valores humanos, exaltando as forças das trevas, farás da
própria alma lâmpada acesa para o caminho.
Mesmo quando a ambição e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o
espírito desprevenido, amarás servindo sempre.
Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram
as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração,
dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros
que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos de
sacrifício para que pudesses livremente viver. Recordarás os benfeitores
anônimos que te deram entendimento e esperança, prosseguindo fiel ao apostolado
do amor e serviço que te legaram...
Para isso, não te deterás na superfície das palavras.
Colocar-te-ás na posição dos que sofrem, a fim de que faças por eles tudo
aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstâncias.
Ante as vítimas da penúria, imagina o que seria de ti nos refúgios de ninguém,
sob a ventania da noite, carregando o corpo exausto e dolorido a que o pão
mendigado não forneceu suficiente alimentação; renteando com os doentes
desamparados, reflete quanto te doeria o abandono sob o guante da enfermidade,
sem a presença sequer de um amigo para minorar-te o peso da angústia; à frente
das crianças despejadas na rua, pensa nos filhos amados que aconchegas ao
peito, e mentaliza o reconhecimento que experimentarias por alguém que os
socorresse se estivessem desvalidos na via pública; e, perante os irmãos caídos
em criminalidade, avalia o suplício oculto que te rasgarias entranhas da
consciência, se ocupasses o lugar deles, e medita no agradecimento que
passarias a consagrar aos que te perdoassem os erros, escorando-te o passo, das
sombras para a luz.
Ainda mesmo quando te vejas absolutamente a sós, no trabalho de bem, sob a
zombaria dos que se tresmalham temporariamente no nevoeiro da negação e do
egoísmo, não esmorecerás. Crendo na misericórdia da Providência Divina e nas
infinitas possibilidades de renovação do homem, seguirás Jesus, o Mestre e
Senhor, que, entre a humildade e a abnegação, nos ensinou a todos que o amor e
o serviço ao próximo são as únicas forças capazes de sublimar a inteligência
para que o Reino de Deus se estabeleça em definitivo nos domínios do coração.
Obra: “Alma e Coração”, de
Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel